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Plantio direto: técnica paranaense revolucionou a agricultura mundial

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Se a economia brasileira tem nos sucessivos recordes de produção de grãos um ponto de sustentação, parte disso se deve a uma mudança radical ocorrida há quatro décadas nas técnicas de plantio do país. O sistema de plantio direto, nascido nos Estados Unidos mas radicado e aperfeiçoado no Paraná, afastou o desastre das erosões, que fazia com que os agricultores perdessem mais de 20 toneladas de solo por hectare todos os anos.

A técnica implantada nos Campos Gerais se disseminou de 1972 para cá, e hoje é usada na produção de 80% das commodities agrícolas brasileiras. O novo modelo foi fundamental para a expansão da fronteira agrícola brasileira para áreas antes consideradas inúteis para a cultura de grãos.

“Ninguém dava nada por nós. Éramos tachados de loucos até que a primeira minhoca aparecesse no meio daquela palhada”, explica o agricultor Manoel “Nonô” Pereira, que, junto a Herbert Bartz e Frank Dijkstra disseminou a técnica no Brasil.

Consolidado

O Brasil tem hoje a segunda maior área com plantio direto do mundo, são aproximadamente 30 milhões de hectares. Além de aumentar a produtividade, a técnica pode ser mais barata e ambientalmente mais sustentável. O custo de produção do milho plantado diretamente sobre a palha é 6% menor que nos métodos tradicionais, além de ter um custo de reposição ambiental 30% mais barato. No caso da soja, o custo de produção é 0,5% maior, mas o custo ambiental é 80% menor. Além disso, por extinguir o arado, os produtores economizam até 45 litros de combustível por hectare.

Na área de atuação da Copagril, mais de 90% dos plantios são feitos diretamente na palhada, de acordo com o engenheiro agrônomo Irineu Lorenzet. “Por este método, a semeadura é feita diretamente na palhada da cultura anterior, ou seja, sem revolver o solo. O revolvimento ocorre apenas no sulco da semeadura”, explicou. O profissional ainda explica que o método “antigo” de plantio eventualmente é usado em áreas pequenas, que apresentam compactação de solo pelo uso excessivo de máquinas com alto teor de umidade do solo.

O plantio direto, explica Irineu, proporciona formação natural da camada agricultável do solo, pela decomposição da palhada de safras anteriores com macro e microrganismos transformando-se no alimento da terra.

As vantagens são inúmeras. “O solo é protegido, o impacto da chuva diminui e há menos erosão eólica e hídrica em casos de chuvas torrenciais e prolongadas. A palha também protege da radiação direta dos raios solares, armazena mais água e por mais tempo, gera mais matéria orgânica, aumentando a água disponível para as plantas, isto tudo além de ajudar no controle de plantas daninhas”, relata Irineu. Outro grande benefício é a diminuição do uso de implementos agrícolas no preparo da semeadura, como os escarificadores e grades. E para as máquinas e implementos utilizados, a palha serve como uma almofada, diminuindo a compactação.

 

Cuidados especiais

Quando a implantação é bem conduzida, a melhora da produtividade é nítida, por causa do aumento da fertilidade. Mas Irineu alerta que é necessário um bom manejo de ervas daninhas, porque a vegetação acaba protegendo e favorecendo a sobrevivência de pragas.

A utilização de herbicidas é necessária para eliminar toda a erva daninha existente no solo. O uso poderá ser minimizado quando na safra de inverno for implantada uma cultura para cobrir o solo (aveia, nabo forrageiro, ervilhaca, etc.), formando uma camada que inibe a germinação de ervas daninhas, proporcionado a semeadura no limpo mesmo sem os herbicidas. A adubação verde proporciona também a reciclagem de nutrientes, trazendo-os de camadas mais profundas para a superfície do solo pela extração da planta e posterior decomposição da palhada na superfície do solo.

A semeadura deve ser feita com semeadoras específicas, em uma umidade de solo adequada, para que haja uma boa cobertura da semente no sulco. Os implementos utilizados no plantio direto se restringem basicamente a uma semeadora e um pulverizador para aplicação dos defensivos. O espaçamento entre linhas e a distância entre plantas deve ser de forma a se obter uma distribuição uniforme das plantas e um bom fechamento das entrelinhas, após o desenvolvimento da cultura.

Texto e Fotos: Comunicação Copagril

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