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Percevejos e efeitos na produtividade da soja

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O monitoramento dos percevejos por meio das amostragens periódicas nas lavouras de soja é o componente básico e de fundamental importância nos programas de manejo integrado de pragas. Assim, a tomada de decisões corretas de manejo requer avaliações confiáveis, precisas e rápidas na estimativa da densidade populacional da praga.



Os percevejos são insetos sugadores com enorme potencial de ocasionar prejuízos na cultura da soja. Embora estejam presentes desde o período vegetativo da cultura, é no período reprodutivo que ocorrem os danos. “Os percevejos podem se alimentar de várias partes da planta, mas o alimento preferencial são as vagens e os grãos” explica o engenheiro agrônomo da Copagril de Guaíra, Jean Carlos Bernardino, e complementa: “esses insetos danificam os tecidos dos grãos, o que faz com que eles fiquem “chochos” e enrugadas, diminuindo assim a qualidade e produção dos grãos, pois os percevejos ao se alimentarem injetam saliva contendo enzimas digestivas e sugam o conteúdo, resultando em injurias nos grãos”.



Além do problema na formação dos grãos, plantas que são atacadas pelos percevejos podem apresentar abortamento de vagens, diminuição de peso e teor de óleo nos grãos e, ainda, podem ter distúrbios fisiológicos que retardam a maturação das plantas. “Tanto nas fases de ninfas, mas principalmente quando adultos, ocasionam danos nas plantas de soja, com efeitos desde a formação das vagens até o final do desenvolvimento dos grãos (estádios R3 a R7)” enfatiza Bernardino.



A infestação ainda favorece a transmissão de doenças fúngicas e “soja louca”, distúrbio fisiológico que influencia a maturação normal das plantas e elas permanecem com folhas verdes ao final do ciclo, por conseguinte causando problemas na colheita como excesso de umidade e impureza.



Desenvolvimento



O desenvolvimento dos percevejos compreende as fases de: ovo, ninfa(-composta de cinco estádios/instares) e fase adulta.



- Ninfas (ciclo médio de 25 dias) - coloração variada com manchas distribuídas pelo corpo;



- Adultos (longevidade média de 50 a 120 dias – dependendo da espécie) - primeiras oviposições após 13 dias, com gerações anuais de 3 a 6;



- Fêmeas, em geral, maiores que machos - fecundidade média de 120 a 170 ovos dependendo da espécie.



A colonização nas plantas da soja inicia no fim do período vegetativo, ou logo após e durante a floração (R1 a R2), época que estão saindo da diapausa ou de hospedeiros alternativos.



Período de alerta



A partir do início do aparecimento das vagens (R3) as populações aumentam, principalmente as ninfas.



Período crítico



A seguir, ao final do desenvolvimento das vagens (R4) e início de enchimento dos grãos (R 5.1) a população tende a aumentar mais e é quando a soja é mais suscetível ao ataque.



Pico populacional



A população cresce até o final do enchimento de grãos (R6), após a população tende a decrescer, com a soja atingindo a maturação fisiológica (R7).



Na colheita (R8) os percevejos remanescentes completam a dispersão para as plantas hospedeiras alternativas e mais tarde para os nichos de diapausa, no caso do percevejo marrom. O percevejo verde e o verde pequeno se abrigam em plantas hospedeiras onde permanecem até iniciar o próximo ciclo na safra seguinte.



Monitoramento



Na área de atuação da Copagril (Oeste do Paraná e Sul do Mato Grosso do Sul) as lavouras de soja encontram-se em uma grande variação de estágio de desenvolvimento desde início vegetativo, fase inicial de florescimento, algumas iniciando a formação de vagens, período considerado importante no manejo inicial desse inseto evitando alta população nas fases seguintes (enchimento de grãos) que é muito sensível ao ataque dos percevejos, podendo resultar em danos irreversíveis quando não manejadas adequadamente.



Conforme Jean, o monitoramento é essencial para definir o manejo correto a ser realizado, evitando danos como abortamento de vagens e grãos, vagens falhadas, grãos chochos, além de perdas de peso e qualidade. “As vistorias para avaliar percevejos devem ser feitas durante o período de formação e enchimento das vagens até o início da maturação fisiológica, preferencialmente no período da manhã, quando os percevejos estão mais ativos”, explica.



Valdir Gazola, conhecido como Kiko, que é cooperado Copagril de Maracaju dos Gaúchos, em Guaíra, está sempre em busca de manejos adequados, da semeadura a colheita, para alcançar os melhores resultados de produtividade da lavoura. Entre as ações, o cuidado e monitoramento da lavoura é constante, avaliando os níveis populacionais de percevejos para a tomada de decisão de manejo. “Realizamos vistorias periódicas na lavoura para acompanhar o aparecimento dos percevejos e então tomar as devidas medidas de controle” comenta o cooperado, que ainda reforça sobre seu trabalho de pesquisa e melhorias na própria lavoura, para sempre buscar a melhor produtividade e qualidade de plantas e por conseguinte melhor grão no momento da colheita.



O engenheiro agrônomo da Copagril ainda ressalta que a aplicação racional de produtos seletivos, baseada na presença de percevejos na lavoura, é de fundamental importância para manter a sobrevivência de inimigos naturais e não prejudicar o meio ambiente, sendo também possível assegurar o potencial produtivo da soja. “Lembrando que o produtor deve obrigatoriamente utilizar o equipamento de proteção individual (EPI) durante o manuseio e aplicação de defensivos agrícolas, pois essa é a melhor forma de prevenir contra intoxicações e acidentes que possam colocar sua vida em risco”.



Pano de batida



A tomada de decisão para controlar percevejos nas lavouras de soja deve ser baseada no Manejo Integrado de Pragas (MIP), seguindo a recomendação do método conhecido como “pano de batida”. Técnica que se consolidou como um excelente método para amostragem da população de percevejo na cultura da soja.



As medidas de controle devem ser realizadas conforme os níveis de ação recomendados pelo MIP em função da quantidade de percevejos encontrados nas amostragens a campo.



Equipamento de Proteção Individual (EPI)



A Copagril orienta os agricultores, que façam o uso dos EPIs no momento da manipulação de agrodefensivos, pois é fundamental para reduzir o risco de absorção do produto tóxico pelo organismo, protegendo a saúde do trabalhador. É obrigação do operador usar e conservar os EPIs.





*Matéria divulgada na Revista Copagril Edição 118 (outubro/novembro/dezembro). Você pode conferir o conteúdo original em: https://www.copagril.com.br/revista/88



**Conteúdo produzido com a colaboração da área Agronômica Copagril.

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