A cadeia de produção leiteira é composta por vários segmentos que são de suma importância para o melhor desempenho e desenvolvimento dos produtos lácteos. Com o objetivo de tecnificar e aprimorar os processos já realizados desde o campo até a industrialização, no fim de 2018 foram publicadas as Instruções Normativas (INs) 76 e 77 que tratam da produção, coleta, armazenamento, beneficiamento e transformação do leite cru por parte de pecuaristas e indústrias. As INs trazem uma série de instruções para a produção no campo, estrutura (depósitos, esterqueiras, escritórios e leiteria), para alimentação, água e manejo dos animais. Os pontos que também merecem atenção do produtor rural são os principais indicadores de qualidade, como a Contagem de Células Somáticas (CCS) e a Contagem Bacteriana Total (CBT) que passou a ser descrita como Contagem Padrão de Placas (CPP).
Conforme as normativas, o leite cru - como é descrito o leite in natura – coletado nas propriedades rurais deve apresentar médias geométricas trimestrais de contagem bacteriana de no máximo 300 mil unidades formadoras de colônia por mililitro (UFC/mL). A contagem de células somáticas (CCS) está estabelecida em 500 mil células por mililitro (cél/mL).
As contagens definidas pelas normativas mantêm o padrão de avaliação para o leite cru refrigerado na propriedade rural que já estavam em vigência desde 2014 e já faziam parte do sistema de beneficiamento da Cooperativa Agroindustrial Copagril. Os produtores do sistema integrado que asseguram resultados abaixo dos limites estabelecidos - menos de 300 CPP (x1000 UFC/mL) e 500 CCS (x1000 cél/mL) – recebem uma bonificação pela manutenção da qualidade, assim como um acréscimo em razão da contagem de sólidos totais, acima de 11,4.
Uma metodologia que já preconiza a qualidade e as boas práticas no manejo dos animais e da ordenha, mas que recebeu uma regulamentação mais clara e eficiente. A encarregada do setor de Fomento Leite da Copagril, Caroline Hoscheid Werle, chama a atenção para um ponto relevante da normativa, ela explica que as médias consideram as análises de três meses consecutivos e que, conforme preconizam as normativas, devem alcançar um valor inferior a 300 CPP (x1000 UFC/mL). “Os produtores que apresentarem por três meses consecutivos a média fora do padrão serão penalizados, pois conforme a regulamentação, não poderemos mais fazer a coleta do leite até que os resultados voltem para níveis abaixo dos 300 mil”, alerta ela sobre a normativa.
“Os resultados da contagem bacteriana são diretamente influenciados pela higiene no processo de ordenha”, esclarece Caroline sobre contagem de CPP e ainda dá um alento ao produtor, “ela pode ser corrigida na propriedade e apresentar resultados bem rápido, porque está relacionada ao manejo e higiene, como a limpeza dos tetos, lavagem dos equipamentos com produtos adequados, refrigeração do leite com rapidez e manter ele abaixo dos 4 °C”, completa.
Na propriedade
Um dos produtores integrados da Copagril na produção de leite é o Reginaldo Gregório de Souza, do município de Itaquiraí, no Mato Grosso do Sul. Ele conta com o filho Rogério e a família, esposa Ana Maria e filhas Rozimara e Renata, para tocar a propriedade, onde a principal atividade é a produção leiteira.
O leite da propriedade se destaca pela qualidade e resultados de CPP, Rogério comenta que em períodos anteriores já tiveram resultados altos para a contagem, mas através de práticas de manejo adequadas adotas na ordenha foi possível conseguir excelentes números, mesmo ainda trabalhando com o sistema de coleta no tarro. “Temos uma pequena produção, ainda estamos trabalhando com o balde, fazemos a coleta e transferimos para o resfriador. Mas adotamos várias ações que melhoraram nosso trabalho, o processo de ordenha e assim, os resultados. Temos focado na limpeza e higienização, usamos água quente e os produtos adequados para limpar e higienizar equipamentos, local e animais. Aplicamos práticas eficientes de pré e pós-dipping”, explica Rogério ao comentar sobre o trabalho de manejo que foi adotado na ordenha.
As ações são acompanhadas pela equipe de assistência técnica da Copagril, entre eles o técnico agropecuário Leandro Brito, que ressalta sobre o controle que é realizado no manejo e ordenha. “Eles [os produtores] também mantém o regular teste da raquete e o controle de acidez”, diz Leandro ao comentar sobre as práticas que foram repassadas pela equipe técnica e aplicadas pelos produtores. Um trabalho realmente efetivo, alguns resultados de maio deste ano deram CCP acima dos 4000 CPP (x1000 UFC/mL) e já em agosto chegaram a 120 CPP (x1000 UFC/mL).
Essa parceria também foi comentada pelo Rodrigo da Silva Rios, ele que colabora com a família na propriedade e acompanha as etapas de produção e ordenha. “A equipe técnica da Copagril vem na propriedade, orienta e acompanha o trabalho. Assim formamos uma equipe e os resultados
estão aí”, diz.
Com os resultados de qualidade em dia, a família do Reginaldo já está focando no aumento da produção, melhoria do plantel, ampliação da estrutura e aquisição de novos equipamentos. “Através do cuidado e do trabalho de higienização, que hoje já faz parte da rotina, conseguimos bons resultados na qualidade. Agora vamos ampliar o espaço da ordenha, vamos adquirir uma ordenha canalizada e também vamos renovar parte do nosso plantel”, orgulha-se Rogério.
O produtor ressalta que o trabalho do manejo foi fundamental, assim como, várias práticas que estão sendo adotadas na propriedade da família têm contribuído para o volume e qualidade do leite. “Passamos a trabalhar com inseminação artificial para melhorar a genética do rebanho e neste ano já estamos com o capim para a alimentação dos animais”, complementa Rogério ao falar das melhorias em todas as etapas da produção leiteira na propriedade.
Essa matéria foi divulgada na Revista Copagril Edição 112 (setembro/outubro). Você pode conferir o conteúdo original aqui (CLIQUE AQUI).