Notícias

A verdade sobre os agrotóxicos

Compartilhar

A Revista Veja em sua edição 2250 publicada em janeiro de 2012, divulgou o resultado do estudo realizado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sobre a contaminação de alimentos por agrotóxicos. O estudo foi iniciado em meados de 2010 e suas conclusões deixaram em pânico os consumidores que se preocupam em por a mesa apenas aquelas frutas e hortaliças que colaboram com sua saúde, pois atualmente o temor de que os alimentos com defensivos agrícolas façam mal à saúde tem feito com que muitos consumidores cogitem substituir frutas, verduras e legumes convencionais por seus equivalentes “orgânicos”, ainda que tenham de desembolsar o dobro por isso.

No balanço geral da Anvisa, 28% dos produtos avaliados foram considerados insatisfatórios; no topo do ranking vinha o pimentão (com assustadores 91,8% de amostras contaminadas), seguido por morango, pepino, alface e cenoura. Estariam os brasileiros então, intoxicando-se perigosamente cada vez que levam o garfo a boca e arriscando uma doença grave no futuro? Definitivamente, não: quando se esmiúça o relatório, vê-se que muito do receio que ele provocou é exagerado e infundado.

Para explicar por que é assim, a Revista Veja conversou com alguns toxicologistas e engenheiros agrônomos que atuam em centros de referencia do assunto no Brasil.

Na entrevista os profissionais ressaltam de inicio, que o termo agrotóxico que já não é mais utilizado no meio a muito tempo, foi substituído por “defensivo agrícola” já que foi-se o tempo onde esses produtos eram colocados no mercado sem pesquisa suficiente sobre suas causas e efeitos. Hoje servem não para intoxicar a lavoura e o consumidor, mas sim para defender a plantação de pragas, insetos e parasitas e evitar que ela se perca.

De acordo com os engenheiros agrônomos, a pesquisa avaliou 2488 amostras de dezoito tipo de alimentos obedecendo parâmetros como: Dados de Consumo do IBGE, disponibilidade nos supermercados e culturas em que o uso de defensivos é costumeiramente intensivo por serem mais vulneráveis a estes. Os critérios utilizados para definir se os alimentos estavam ou não contaminados foram: resíduo de defensivo acima do permitido e detecção do uso de defensivo não autorizado para aquela cultura. Dentro destes critérios das 2.488 amostras 694 estavam fora do regular.

Mas o que realmente chama a atenção na analise feita pelos profissionais no resultado da pesquisa realizada pela ANVISA é o percentual de produtos que foram avaliados com índice de contaminação acima do limite maximo de resíduo (LMR), índice que determina o consumo sem riscos à saúde, somente 3,6%. Ou seja das 2.488 somente 89 amostras foram totalmente reprovadas por estarem acima do limite máximo de resíduos. Isso acontece porque o agricultor aplicou na lavoura uma dose acima da indicada ou porque desrespeitou o chamado período de carência, ou intervalo mínimo entre o uso do pesticida e a colheita, tempo em que o defensivo se degrada e perde a sua toxicidade para os seres humanos. Os agrônomos ainda ressaltam que nessas amostras consideradas fora do padrão, os índice de resíduo acima do limite permitido é muito pequeno e que em geral não prejudicam a saúde. “Como a margem de segurança para o calculo do limite máximo de resíduo é alta, é muito provável que o consumo desses alimentos não ofereça nenhuma implicação a saúde”, disse Luiz Carlos Meirrelles gerente- geral de toxicologia da Anvisa.

Embora os cuidados sejam sempre muito importantes, não existe razão para que os consumidores entrem em pânico e radicalizem ao ponto de não consumir alimentos que não sejam “orgânicos”.